Um Texto Inacabado.

Em meio a sorrisos e risos, aparentemente sem motivo algum, eu ando pelas ruas um pouco perdido. Deixo claro que, se ando, é na esperança de encontrá-la ou de encontrar seus passos marcados em uma estrada que não é a minha. Ontem a encontrei e, sem poder explicar agora em palavras, eu senti algo esquisito. Talvez fosse uma mistura de euforia e medo, talvez receio e desejo... Não sei.
De repente ouço sua voz – doce e viciante - chamando por um nome que não era o meu, e então ela veio para perto, e mais perto eu a queria, e mais perto eu a quero, e a espero (alucinação). E fico, numa insistência desorientada, me perguntando, em meio a um delírio racional, se o que ela me dá não é apenas uma esperança passageira e platônica. Deixando minha emoção dominar meus sentidos, eu a puxo para mim numa força descontrolada de mãos que loucamente a apertam. Voam de mim, e saem de dela, palavras, imaturas pelo tempo, que provocam sentimentos até então disfarçados por beijos e abraços não dados. Sinto seu toque, seu cheiro, me entorpeço e, entorpecido, falo o que não devo.
Quero para sempre brincar de pegar e fugir dela, quero para sempre sentir suas mãos passando nos meus cabelos e ver seu sorriso atingindo o meu. E mesmo que tudo não passe apenas de uma vontade retida e solta, uma vez ou outra eu vou pensar nela. E em alguma das minhas esperas atordoadas ela não virará novamente as costas...

Cássia Fernandes.