Revelação.

Há alguns dias venho perdendo a vontade de escrever, de me revelar. Escrever é se revelar, por mais que você tente esconder sentimentos claros atrás de palavras sombrias e duras. Você se revela nas famosas e desastrosas entrelinhas. Escrever não é se revelar aos outros, é se revelar a si mesmo, é dar concretude e exteriorizar aquilo que lhe é interno. Minha intenção agora é me revelar pela última vez, mesmo sabendo que assim não será.
Nesse instante que insiste em se manter duradouro, eu me encontro confusa e angustiada. Não é simples. É complexo. Não entendo minha confusão e tampouco quero aceitá-la, mas fugir já não é a forma mais eficiente. É o não fugir que me angustia, ou talvez a falta de eficiência dele (viu só?! Confusão).
Fugir de quê? Fugir de quem? Fingir talvez...
Digo apenas que é um fugir de algo que atormenta minha alma a ponto de desviar meus passos e cegar meus olhos. E o confuso é isso, é não saber quais passos dar, qual caminho seguir e para onde olhar. A confusão é tanta, que nem a última saída - fechar os olhos - não resolve mais nada. A angustia é tamanha que nem há mais saliva em minha boca, nem som no meu grito, nem sangue no corte imaginário dos meus pulsos.
Hoje algumas pessoas, talvez amigas ou não, tentaram me desvendar, mas acabaram me desviando de um plano mal traçado de ir te encontrar. É você a resposta para minha angústia e confusão. Descobri isso agora, agora enquanto escrevo e me revelo. Te revelo também.
A verdade é que eu não queria falar em você, mas és parte interna de mim. Estas além das minhas mãos e beijos. Estás além das perguntas e alheia às respostas. São as respostas que me corroem, ou melhor, a falta delas... a falta das tuas respostas.
Logo estarei virando as costas junto com minha angústia e confusão e o que revelo agora é apenas o desejo implícito de ter uma resposta antes de eu voltar. Quero poder dar os passos certos até poder encontrar teu sorriso para beijá-lo novamente pela eterna última vez.
Cássia Fernandes.